domingo, dezembro 06, 2009

Por detrás das persianas


Chegou a casa. Mas a casa fria e vazia provocou nela uma sensação de solidão que há muito não experimentava. Sentou-se na varanda como sempre fazia quando se sentia só. Reparava nas janelas dos prédios em redor e imaginava os cenários por detrás das persianas fechadas.
A velha viúva sentada no sofá, a fazer festas ao gato deitado no seu colo.
A dona de casa que prepara o jantar enquanto os filhos correm à volta da mesa e o marido lê o jornal.
O casal recém-casado que faz amor.
E ela, ali sentada a fumar mais um cigarro e a pensar no que será a vida dela daqui uns anos... o mais certo é continuar sozinha, mas vendo bem as coisas, se calhar é melhor assim.

terça-feira, outubro 06, 2009

O cachecol vermelho






Chegou mais cedo que a hora prevista. Sentou-se na esplanada do café. Já há muito que esperava por este dia. Pediu um café. Tirou um cigarro da carteira, acendeu-o e enquanto mexia o café pensava se esta teria sido uma boa ideia.
Nunca antes tinha marcado um encontro com um desconhecido. Olhou em redor procurando pelo rapaz de cachecol vermelho... nada. E se ele o tivesse tirado e a estivesse a observar? Seria aquele ali de sorriso maravilhoso? Ou aquele com ar de quem não se lava há 10 dias? E se fosse um tarado qualquer? E se fosse um principe encantado?
Ela estava aterrorizada com todas estas dúvidas. Desapertou o lenço vermelho do pescoço, arrumou-o na carteira. Lá ao longe viu-o chegar, de cachecol vermelho. Não quis saber quem era. Pagou e foi-se embora.

terça-feira, setembro 22, 2009

Para que servem os homens?

Procuro razões para a existência de homens na terra. Aguardo as vossas respostas que irei acrescentando. Num próximo post tentarei analisar tudo isto.

- Para se reproduzirem
- Para transmitir valores
- Para mostrar às mulheres o quanto elas são importantes
- Para mudar as lâmpadas
- Para ficar em casa com os filhos enquanto a mulher vai para a borga
- Para abrir frascos de compota
- Para matar insectos nojentos

quarta-feira, setembro 16, 2009

Não há vida sem ele

Nunca o larga, onde quer que vá leva-o sempre consigo. Ela já não passa sem ele. Aliás desde muito pequena que não vive sem ele. Ele é a sua mais fiel companhia. Nunca a abandonou, nos bons e nos maus momentos ele está lá. Espera por ela junto à cama, acompanha-a nas viagens, faz-lhe companhia quando toma café e desperta nela todo o tipo de emoções.
Um Livro, seja ele qual for, está e estará sempre presente na sua vida. O que seria dela sem um Livro. O poder das letras, o efeito que cada frase, cada parágrafo tem sobre ela é fascinante. Através das páginas ela já foi rainha, policia, animal, vampiro, já correu o mundo e até conheceu outros planetas. O poder do livro é esse mesmo: podemos ser quem quisermos, irmos onde quisermos.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Estranha criatura

Não se reconheceu. Do outro lado, no reflexo do espelho, estava alguém desconhecido. Não sabia quem era mas parecia ter vindo para ficar. Assustada, trancou-se em casa. Onde quer que ela vá é perseguida por esse ente estranho que nada mais faz que assustá-la. Chegou a pensar se aquela estranha criatura pudesse ser ela própria. Impossível. Ela não tinha aquele ar abstraído e aquele olhar vazio... pelo menos achava ela assim. Aquela estranha tinha que partir e depressa. Já não a suportava, já não se suportava a si própria. Escondeu-se debaixo dos cobertores e esperou que se fosse embora.
Ainda hoje espera.

terça-feira, setembro 08, 2009

O Regresso

Voltou da tão esperada viagem à Escócia. Chegou a casa com a sensação de nunca ter partido. Apenas o bilhete de avião que ainda guardava na carteira e as malas por arrumar lhe faziam lembrar que esteve fora.
As paisagens lindíssimas que viu ficaram resumidas a umas quantas fotografias. Trouxe, no entanto, uma certeza com ela: A certeza de lá voltar!!






quinta-feira, julho 09, 2009

Alguém

Chegou a casa cansada. Depois de uma noite mal dormida e de um dia de trabalho exaustivo, o cansaço tomou conta dela. Sentou-se no sofá pensando adormecer, mas não o fez. As dúvidas invadiam-lhe os pensamentos. Os porquês das mudanças, as atitudes correctas ou menos correctas, o que é suposto fazer ou não fazer, o que parece mal e o que é suposto parecer bem.
Um sabor a sal chegou aos lábios, a visão turva das lágrimas que lhe cobriam os olhos fê-la lembrar que estava sozinha, que era nestas alturas que daria tudo para ter Alguem ali ao seu lado, Alguem sentado no sofá, Alguem onde ela pudesse deitar a cabeça e chorar enquanto Alguem lhe passava as mãos pelos cabelos e Alguem lhe dizia as coisas bonitas que faziam bem à alma.
Mas Alguem não estava.
Talvez um dia Alguém estará.
O telefone tocou.
- Ola, só liguei para saber como estás.
- Estou a precisar de companhia. De conversar. De rir.
- Estou a caminho.
- Obrigada.

Afinal há sempre alguém quando precisamos.
Obrigada

sexta-feira, junho 26, 2009

A chegada


O avião começava a descer. Senti um arrepio só de pensar que iria voltar a ver a minha cidade. Estavamos a sobrevoar o lago. As margens verdes e frondosas com alguns telhados a transparecerem por entre a vegetação faziam desta paisagem um cenário sem igual. A pouco e pouco começaram a aparecer um ou outro prédio, até que chegamos a Genève. O avião aterrou suavemente na pista. Desci apressadamente desejosa de chegar à cidade que tanto adoro.
Assim que sai do aeroporto, inspirei profundamente.
Estava em casa.

segunda-feira, junho 15, 2009

Preparativos

Não costuma ser problema fazer uma mala. Muito menos para 4 dias... Dois pares de calças, dois tops, duas t-shirts, duas camisolas e um casaco, um par de sapatilhas, uns sapatos mais finos e uns chinelos, lingerie confortavel e está feito. E que tal levar um vestido? Ainda faltam 4 dias para a partida. Há já uma semana que ela anda a pensar em fazer as malas, mas o mais certo é guardar isso para o ultimo dia.

terça-feira, junho 09, 2009

Obrigada!!

Obrigada pela festa surpresa.
Obrigada pela maravilhosa prenda.
Obrigada pelo fim de semana.
Obrigada pelos jantares.
Obrigada pelos copos.
Obrigada pelas saidas.
Obrigada pela companhia.
Obrigada por estarem presentes.
Obrigada por me aturarem.

Obrigada por serem meus amigos.

quarta-feira, junho 03, 2009

O mais barato, por favor

Aproveitou o facto de ter saido mais cedo do escritório para passar pela loja de electrodomésticos que ficava a caminho de casa. Após ter dado 1001 voltas ao estacionamento lá encontrou um lugar para parar o veículo. O calor era abrasador e o carro, sem ar condicionado, parecia um forno. É o que faz não ter muito dinheiro. Ela preferia ter um carro sem ar condicionado a ter que apertar ainda mais o cinto só para poder gozar de um ar mais fresco a caminho de casa. Essas futilidades não faziam, de todo, o género dela.
O sensor demorou algum tempo a dar de si. Por pouco não foi de encontro à porta que teimou em abrir. Foi atingida por uma lufada de ar fresco que a fez recuperar parte da energia perdida ao longo do dia de trabalho. Percorreu o centro comercial sem prestar atenção nenhuma ás montras que tentavam em vão convencer os clientes a comprarem algo. Mantendo o passo firme, entrou na loja:
- Boa tarde, em que posso ajudar?
- Boa tarde, quero comprar um telemóvel. O mais barato que tiver, por favor.
- Temos este novo modelo com...
- Eu pedi o mais barato.
- Mas estes nem dão para tirar fotos...
Para que raio queria ela um telemovel que tirasse fotos? Um telemóvel serve para telefonar e/ou mandar mensagens.
- Quando eu quiser tirar fotos, compro uma máquina fotográfica. O mais certo é este telefone acabar onde acabaram os outros: na boca do cão. Levo esse!
Pegou no telefone mais barato, pagou e saiu.

quinta-feira, maio 28, 2009

O sexo é sagrado

O sexo é sagrado,
como salgadas são as gotas de suor
que brotam dos meus poros
e encharcam nossas peles.
A noite é meu templo
onde me torno uma deusa enlouquecida
sentindo teus pelos sobre a minha pele.
Neste instante já não sou nada,
somente corpo,
boca,
pele,
pêlos,
línguas,
bocas.
E a vida brota da semente,
dos poucos segundos de êxtase.
Tuas mãos como um brinquedo
passeiam pelo meu corpo.
Não revelam segredos
desvendam apenas o pudor do mundo,
descobrem a febre dos animais.
Então nos tornamos um
ao mesmo tempo em que
a escuridão explode em festa.
A noite amanhece sem versos,
com a música do seu hálito ofegante.
O sol brota de dentro de mim.
Breves segundos.
Por alguns instantes dispo-me do sofrimento.
Eu fui feliz.

Cláudia Marczak


quarta-feira, maio 27, 2009

Em busca da chave perdida

Subiu os poucos degraus até chegar à porta. Enfiou a mão na carteira à procura da chave. Encontrou o porta moedas, um maço de tabaco, dois isqueiros, o porta-documentos, o livro de cheques, um baton, um livro, milhões de talões de compras. Só não encontrou o que realmente procurava.
- Pensa... onde é que raio deixaste tu a chave de casa?
Lembrava-se perfeitamente de ter trancado a porta de manhã e de ter enfiado o porta chaves na carteira.
- Porra! Vou ter que ir a casa dos meus pais acordá-los a esta hora da noite.
Voltou a descer os poucos degraus até chegar à rua. Entrou no carro bufando e soprando e chamando-se nomes a ela própria.
- Que parva, que estupida. Onde é que andas com a cabeça... É sempre a mesma merda!
Sentou-se, fechou a porta do carro com a força com que se fecha o portão ferrugento de uma garagem.
Pegou na carteira, virou-a e despejou tudo em cima do banco. Chaves... nem vê-las.
Irritada, sacou de um cigarro. Remexeu na tralha que agora revestia o banco do carro à procura do isqueiro.
- Ah ah... apanhei-te, disse ela ao encontrá-lo. E nisto escapa-lhe o objecto da mão e vai parar-lhe debaixo do assento.
Curvou-se o melhor que podia mas a sua flexibilidade já não era o que era. A muito custou lá conseguiu enfiar a mão debaixo do assento e encontrou o isqueiro.
- Olha... está aqui mais qualquer coisa. Vai estica-te só mais um bocadinho que tu consegues. Isso...
E lá estava ela com a chave de casa na mão.
- Que alivio!
Voltou a subir os poucos degraus até chegar à porta.
Finalmente ia poder deitar-se.

terça-feira, maio 26, 2009

Upside Down

Instinctively you give to me
The love that I need
I cherish the moments with you
Respectfully I see to thee
Im aware that youre cheating
But no one makes me feel like you do

Diana Ross


quinta-feira, maio 21, 2009

A Andorinha

Uma vez mais acordou sem ter ouvido o despertador. Por sorte fê-lo mesmo a tempo. Não se atrasou. Abriu as persianas e absorveu na luz do dia a energia de que precisava para mais um dia de trabalho.
Hoje o céu estava branco, o sol escondido. Reparou numa andorinha delicadamente pousada sobre um fio mesmo ali ao lado, se abrisse a janela e estendesse a mão poderia tocá-la. Mas não o fez. Limitou-se a observá-la. Por detras do vidro com o seu fiel companheiro ao colo reparou na palha que saía do bico do pássaro.
-Andam à procura de sítio para fazer ninho, pensou ela com razão.
À primeira andorinha, juntou-se agora uma segunda. Essa vinha de bico vazio. Rondaram a janela, o telhado. Talvez procurando o lugar ideal para começarem a construção da nova casa.
Ela ali ficou a observar as aves até que se lembrou que o tempo não pára e que provavelmente se estaria a atrasar.
E retomou a sua rotina.


quarta-feira, maio 20, 2009

Frémito do meu corpo

Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,


Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!

E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas ...


E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas ...


"Florbela Espanca"

terça-feira, maio 19, 2009

I can fly

See me fly,
I'm proud to fly up high
Show you the best of mine
Till the end of time
Believe me
I can fly,I'm singing in the sky
Show you the best of mine
To heaven in the sky

"Proud of you"

segunda-feira, maio 18, 2009

O Príncipe das orelhas de burro

Era um rei que vivia muito triste por não ter filhos e mandou chamar três fadas para que fizessem com que a rainha lhe desse um filho. As fadas prometeram-lhe que os seus desejos seriam satisfeitos e que elas viriam assistir ao nascimento do príncipe. Ao fim de nove meses deu a rainha à luz um filho e as três fadas fadaram o menino. A primeira fada disse:
- Eu te fado para que sejas o príncipe mais formoso do mundo.
A segunda fada disse:
- Eu te fado para que sejas muito virtuoso e entendido.
A terceira fada disse:
- Eu te fado para que te nasçam umas orelhas de burro.
Foram-se as três fadas e logo apareceram ao príncipe as orelhas de burro. O rei mandou sem demora fazer um barrete que o príncipe devia sempre usar para lhe cobrir as orelhas. Crescia o príncipe em formosura e ninguém na corte sabia que ele tivesse as tais orelhas de burro. Chegou a idade em que ele tinha de fazer a barba, e então o rei mandou chamar o seu barbeiro e disse-lhe:
- Farás a barba ao príncipe, mas se disseres que ele tem orelhas de burro morrerás.
Andava o barbeiro com grandes desejos de contar o que vira, mas, com receio de que o rei o mandasse matar, calava consigo. Um dia foi-se confessar e disse ao padre:
- Eu tenho um segredo que me mandaram guardar, mas se eu não o digo a alguém morro, e se o disser o rei manda-me matar; diga, padre, o que eu hei-de fazer.
Responde-lhe o padre que fosse a um vale, que fizesse uma cova na terra e que dissesse o segredo tantas vezes até ficar aliviado desse peso, e que depois tapasse a cova com terra. O barbeiro assim fez; e, depois de ter tapado a cova, voltou para casa muito descansado.
Passado algum tempo nasceu um canavial onde o barbeiro tinha feito a cova. Os pastores quando ali passavam com os seus rebanhos cortavam canas para fazer gaitas, mas quando tocavam nelas saíam umas vozes que diziam:
- O Príncipe tem orelhas de burro.
Começou a espalhar-se esta notícia por toda a cidade e o rei mandou vir à sua presença um dos pastores para que tocasse na gaita; e saíam sempre as mesmas vozes que diziam:
- O Príncipe tem orelhas de burro.
O próprio rei também tocou e sempre ouvia as mesmas vozes. Então o rei mandou chamar as fadas e pediu-lhes que tirassem as orelhas de burro ao príncipe. Então elas mandaram reunir a corte toda e ordenaram ao príncipe que tirasse o barrete; mas qual não foi o contentamento do rei, da rainha e do príncipe ao ver que já lá não estavam as tais orelhas de burro! Desde esse dia as gaitas que os pastores faziam das canas do tal canavial deixaram de dizer:
- O Príncipe tem orelhas de burro.
E pronto, acabou a famoso história do Príncipe com Orelhas de Burro.

quarta-feira, maio 13, 2009

Escrever em branco

Sentou-se confortavelmente na cadeira, pegou numa folha de papel branco e numa caneta. Fechou os olhos e esperou. Esperou que o silencio daquela velha casa lhe trouxesse alguma inspiração. Abriu um olho, depois o outro e achou ridicula a figura que estaria a fazer. Manteve os olhos abertos, porém nenhuma ideia lhe surgia.
Passou com a caneta pela virgem brancura do papel, um risco azul sobressaia na outrora imaculada folha.
- Nada... não me apetece escrever nada, pensou ela.
Traída pela sua inspiração, ou antes pela falta dela, deixou-se levar pelo cansaço. Poisou a cabeça nos braços, inspirou e adormeceu.

terça-feira, maio 12, 2009

Eu dou...

... alegria a quem está triste.
... atenção a quem está só.
... carinho a quem mo pedir.
... uma dose de boa disposição quando for preciso.
... eu dou e voltarei a dar, sempre que me pedirem, uma mãozinha para se levantarem.

E sei que quando eu precisar, como já precisei, terei sempre alguém para me dar a mão.

"Se alguém está tão cansado que não te possa dar um sorriso, deixa-lhe o teu" (Provérbio chinês)

segunda-feira, maio 11, 2009

A casa

A casa tinha o cheiro de abandono. O pó cobria os pouco móveis dispostos de forma desarrumada pelas várias divisões. A escuridão dominava o espaço vazio.
À medida que ela abria as portadas, a casa despertava. As janelas abertas deixavam entrar o vento que trazia com ele o cheiro a mar. As camas, cobertas com velhas mantas, esperavam por quem lhes desse uso.
Durante dois dias, a casa ganhou vida. Ao cheiro de abandono misturou-se o cheiro a comida, a perfume, a mar. Durante dois dias, o silencio deu lugar a risos, a conversas, a música. Durante dois dias ela foi ainda mais feliz.
Até que as janelas se voltaram a fechar, a escuridão voltou a dominar o espaço e o silêncio fez-se ouvir. A casa voltou a adormecer e ela prometeu voltar a despertá-la.

sexta-feira, maio 08, 2009

O Calor

Já faz alguns anos que ela deixou para trás o país frio que a viu nascer. Um país onde as montanhas disputam o lugar mais perto do céu, um país onde o verde quase se sobrepõe ao cinzento das cidades, um país que ela nunca esquecerá!
Apesar de vir do frio, o que ela mais aprecia é o calor, qualquer tipo de calor. O calor do sol a bater na pele, o calor do aquecedor nos dias de inverno, o calor da lareira que ela não dispensa, principalmente pela companhia que lhe faz.
Mas há um calor de que ás vezes, e só ás vezes, eu diria até muito poucas vezes lhe faz falta. É o calor humano.
Apesar de serem poucas as vezes que ela sente esta falta, quando esta ausencia lhe chega... bate-lhe com uma força incrivel. É nessas alturas que ela se lembra de como é bom ter alguém capaz de, para além de lhe aquecer a cama, poder aquecer-lhe a alma e o coração.
É ela uma "viciada" no calor. Que contradição... nasceu no país do frio.

quinta-feira, maio 07, 2009

Pedra fria

Tenta sempre arranjar companhia para sair, não gosta de estar sozinha. Gosta de companhia de momentos, gosta que lhe liguem, que a convidem para qualquer tipo de actividade. A única coisa que ela defende, é o seu espaço. Gosta de fazer o que quer quando quer e não se deixa levar por falinhas mansas. Não suporta lamechices.
Há quem diga que ela é má, há quem diga que ela é fria. Mas o que é certo, é que ainda não apareceu quem conseguisse derreter o seu coração de pedra. Enquanto esse dia e essa pessoa não chegarem, ela vai continuar assim... a zelar pelo seu espaço, o bem mais valioso que ela possui!

quarta-feira, abril 29, 2009

segunda-feira, abril 27, 2009

A Abóbora e a Bolota

Houve noutro tempo um homem, que passando junto de uma planta rasteira com tão grandes abóboras e vendo uma azinheira formidável comum fruto tão pequeno, se sentou à sombra desta árvore e se pôs a criticar a obra de Deus.
- Se fosse eu - dizia ele - daria a uma azinheira o fruto do tamanho de uma abóbora e à aboboreira o fruto do feitio de uma bolota e de igual tamanho desta. Já se vê que Deus nem tudo fez bem feito.
Cansado da jornada deixou-se adormecer.
Mais tarde acordou o homem no momento em que lhe caía na testa uma bolota. Então ergueu-se à pressa e exclamou:
- Agora já vejo quanto foram errados os meus juízos! Se fosse uma abóbora o fruto desta árvore onde teria eu a cabeça a estas horas! Teria ficado esmigalhado debaixo de tão grande fruto. Nada, nada: tudo o que Deus fez foi muito bem feito.


Ataíde Oliveira, "Contos Tradicionais Portugueses" (adaptado)

terça-feira, abril 21, 2009

Pergunta do dia

Porque é que as rosas não são todas rosas?

Há rosas vermelhas, amarelas, brancas e rosas.
Porque é que cor de rosa é rosa e não amarelo, branco ou vermelho?
Porque é que cor de rosa há-de ser sempre associado a meninas e não a meninos?

sexta-feira, março 20, 2009

Não existem lâmpadas mágicas!

O caos em que se encontrava o apartamento dela não a incomodava. Sempre deu mais importância aos pequenos prazer da vida do que às vassouras e afins. Mas naquele dia, uma súbita vontade de limpar, esfregar e arrumar apoderou-se dela. Era como se a energia que gastava aliviasse a raiva que jorrava de dentro dela. Fazia da vassoura a sua espada para se defender do lixo que temia apoderar-se da sua alma. Esfregava as paredes pensando que, tal como nos contos das mil e uma noites, pudesse sair dali um génio que a pudesse salvar dos males que teimavam em não a largar.
Quando as forças finalmente a abandonaram, deu com ela deitada no frio azulejo. Tinha chegado à conclusão que os pequenos prazeres da vida não se encontravam entre aquelas paredes. Calçou as sapatilhas gastas pelo uso, vestiu o casaco debotado e saiu.


CristinaGuerra

sexta-feira, março 13, 2009

O leão, a lebre e o cágado

A lebre só tinha uma cabra. Sabendo que o leão possuía um bode, propôs a ele que lhe emprestasse o animal por uns tempos para que sua cabra tivesse filhotes. Quando isso ocorreu, a lebre foi devolver o bode ao leão. Entretanto, ele exigiu as crias, alegando que sem o seu bichinho a cabra jamais as teria tido. Como não conseguiram entrar em um acordo, procuraram a ajuda do tribunal dos anciãos. O tribunal deu ganho de causa ao leão, apresentando a mesma justificativa que o vencedor já havia utilizado anteriormente, ou seja: sem o bode a cabra não teria tido filhotes. Todavia, como faltava o cágado, também membro no tribunal dos anciãos, a lebre solicitou que se aguardasse a sua chegada, com o que todos concordaram, por questão de justiça. Após um dia inteiro de espera, chega o cágado. O leão, furioso, perguntou a razão para tanto atraso, ao que ele respondeu que sua demora devia-se ao fato de que ele estava assistindo ao parto de seu pai. Todos riram, perguntando onde se viu homem dar à luz. Então, o cágado perguntou se não disso, afinal, que se tratava. Imediatamente, os anciãos mudaram de posicionamento, dando ganho de causa à lebre, pois compreenderam que, já que é a mulher quem dá à luz, a ela os filhos pertencem.

CONTO POPULAR DA ANGOLA


Texto retirado do site http://pt.shvoong.com/

quarta-feira, março 11, 2009

Ó p'ra mim de volta!!

Há quanto tempo!!
Nem sei bem porque é que me afastei do meu blog...
Uma das razões é o facto da minha máquina fotográfica ter dado os seus últimos suspiros. E custa-me "roubar" imagens que não são minhas... Um blog sem imagens fica incompleto, a meu ver.
Mas mesmo assim decidi escrever o que me vai na alma e deixo azo à vossa imaginação para ilustrarem mentalmente o que aqui lerem.
Vamos lá então ver o que me vai na alma...
...
...
...
...
humm
...
...

... nada.
O problema hoje é mesmo esse... sinto-me vazia, incompleta, tenho a sensação de que me falta algo. Mas o quê?
O sabor da minha alma tem um ligeiro travo de tristeza. Não compreendo. Não sei de onde surgiu este odor de solidão que se apoderou de mim hoje. Aguardo ansiosamente o toque da alegria que normalmente me inunda. Por mais que ponha os meus sentidos à prova só consigo sentir o calor do sol que hoje brilha intensamente.
Vou então escutar os conselhos que a noite me trará e amnhã, certamente, será um melhor dia!