quarta-feira, abril 28, 2010

Nada de novo


Abriu o roupeiro e tirou de lá qualquer coisa para vestir. Não era muito dada a vaidades e qualquer vestimenta servia independentemente da ocasião. Talvez cuidasse um pouco mais da sua imagem num dia ou outro, mas regra geral, não se preocupava muito com isso.
Um top ligeiramente mais decotado, as imprescendíveis calças de ganga e as suas já velhas sapatilhas serviam perfeitamente.
Carteira, chaves do carro, chaves de casa, telefone... tudo a postos para sair de casa para mais uma noite entre amigos.
A caminho pensava em como aquela noite poderia ser diferente, se iria conhecer gente interessante, se haveria um acontecimento digno de tornar aquela noite memorável. A viagem de ida era sempre uma excitação absoluta repleta de filmes inspirados na sua imaginação e na vontade de ver acontecerem coisas boas.
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Final de noite.
Viagem de regresso.
A excitação da ida passou a conformismo. Houve diversão, claro. Mas não houve novidade. Há já muito tempo que não há novidade. Ela bem espera encontrar um homem interessante que a faça mudar de opinião acerca deles, opinião essa que não lhes é nada favorável!
Despiu-se, deitou-se e repetiu a si própria que estar sozinha é a melhor coisa que pode ter.

domingo, abril 25, 2010

Quero mudança na minha vida


Sempre a mesma rotina, as mesmas pessoas à minha volta, os mesmos lugares, as mesmas coisas. Acordo todos os dias a pensar no que fazer para tornar aquele dia diferente. Esgotada de ideias e de paciência, volto a casa sem nada ter mudado à minha vida.
Mudança! É essa a palavra de ordem. Tenho que mudar alguma coisa na minha vida. Resta saber o quê.
Não mudo de amigos. Isso está fora de questão. Posso eventualmente tentar conhecer outras pessoas, mas cada vez mais sinto que elas se fecham sobre si próprias o que torna a coisa mais complicada.
Posso mudar de casa. Mas isso implicaria arranjar um emprego melhor remunerado e isso, nos dias que correm, não é tarefa fácil.
Posso mudar de país. Isso seria eventualmente uma hipótese viável...
Agora que penso nisso, vou dar uma vista de olhos nos classificados estrangeiros. Até já.

quinta-feira, abril 15, 2010

Chorou


Entrou em casa. O sol já tinha ido mas a noite ainda não tinha chegado. O cansaço que sentia não a deixou sequer chegar à sala... sentou-se ali mesmo, no chão frio do corredor vazio. Abraçou as pernas, deitou a cabeça nos joelhos e chorou. Chorou como nunca se lembrava de ter chorado. Chorou por tudo, chorou por nada. Chorou com alma, chorou com lágrimas, chorou gritos e suspiros, chorou alegrias e tristezas. Foram anos de lágrimas reprimidas que se soltaram, foram anos de tristezas submersas que emergiram. Chorou como nunca se lembrava de ter chorado...