domingo, outubro 10, 2010

???



Vivo rodeada de pontos de interrogação. Estão na minha cama, no meu sofá, estão na minha casa, na minha rua, estão na minha alma e na minha mente. E minto se digo que tenho a certeza que um dia tudo acaba bem, porque a certeza nada mais é que um ponto de interrogação. Um sinal de pontuação que assombra a minha vida. Um caractere que transforma qualquer sentimento em medo, em desconfiança.
Espero o dia em que paire sobre mim um ENORME PONTO DE EXCLAMAÇÃO!

domingo, julho 25, 2010

Uma folha em branco


Há dias em que a inspiração teima em aparecer... no entanto cresce nela uma enorme vontade de escrever. Sentada na varanda, olha para a folha branca que tem à sua frente. O lápis de ponta mordiscada devido à ansiedade passeia por entre os seus dedos. Levanta-se e descalça caminha nas lajes quentes, para trás, para a frente... O calor do chão em nada ajuda. Talvez um pouco de música consiga despertar nela alguma inspiração. Por entre o caos que é a sua casa, lá encontra o seu leitor mp3. De volta à soalheira varanda, de fones nos ouvidos e olhos fechados, deixa que os acordes das suas musicas favoritas despertem nela algum tipo de reacção. Mas nem Nat King Cole nem Ottis Redding e muito menos Nina Simone foram capaz de a ajudar naquela súbita falha de imaginação.

Quando a busca de algo se torna infrutífera, há que saber desistir.

Levantou-se, deixou a folha em branco no chão e saiu à rua... descalça.

quarta-feira, junho 16, 2010

Dúvidas


Como fazer com que as coisas que nós queremos um dia aconteçam?
Como fazer desaparecer aqueles estúpidos sentimentos que transformam um lindo dia de sol num dia cinzento?
Como deixar de pensar em coisas e em pessoas que teimam em não nos sair da cabeça?
Como fazer desaparecer as dúvidas que nos assolam?
Como fazer desaparecer este sentimento de solidão que de vez em quando vem à tona?
Como fazer para não chorar?

quarta-feira, abril 28, 2010

Nada de novo


Abriu o roupeiro e tirou de lá qualquer coisa para vestir. Não era muito dada a vaidades e qualquer vestimenta servia independentemente da ocasião. Talvez cuidasse um pouco mais da sua imagem num dia ou outro, mas regra geral, não se preocupava muito com isso.
Um top ligeiramente mais decotado, as imprescendíveis calças de ganga e as suas já velhas sapatilhas serviam perfeitamente.
Carteira, chaves do carro, chaves de casa, telefone... tudo a postos para sair de casa para mais uma noite entre amigos.
A caminho pensava em como aquela noite poderia ser diferente, se iria conhecer gente interessante, se haveria um acontecimento digno de tornar aquela noite memorável. A viagem de ida era sempre uma excitação absoluta repleta de filmes inspirados na sua imaginação e na vontade de ver acontecerem coisas boas.
...
...
...
Final de noite.
Viagem de regresso.
A excitação da ida passou a conformismo. Houve diversão, claro. Mas não houve novidade. Há já muito tempo que não há novidade. Ela bem espera encontrar um homem interessante que a faça mudar de opinião acerca deles, opinião essa que não lhes é nada favorável!
Despiu-se, deitou-se e repetiu a si própria que estar sozinha é a melhor coisa que pode ter.

domingo, abril 25, 2010

Quero mudança na minha vida


Sempre a mesma rotina, as mesmas pessoas à minha volta, os mesmos lugares, as mesmas coisas. Acordo todos os dias a pensar no que fazer para tornar aquele dia diferente. Esgotada de ideias e de paciência, volto a casa sem nada ter mudado à minha vida.
Mudança! É essa a palavra de ordem. Tenho que mudar alguma coisa na minha vida. Resta saber o quê.
Não mudo de amigos. Isso está fora de questão. Posso eventualmente tentar conhecer outras pessoas, mas cada vez mais sinto que elas se fecham sobre si próprias o que torna a coisa mais complicada.
Posso mudar de casa. Mas isso implicaria arranjar um emprego melhor remunerado e isso, nos dias que correm, não é tarefa fácil.
Posso mudar de país. Isso seria eventualmente uma hipótese viável...
Agora que penso nisso, vou dar uma vista de olhos nos classificados estrangeiros. Até já.

quinta-feira, abril 15, 2010

Chorou


Entrou em casa. O sol já tinha ido mas a noite ainda não tinha chegado. O cansaço que sentia não a deixou sequer chegar à sala... sentou-se ali mesmo, no chão frio do corredor vazio. Abraçou as pernas, deitou a cabeça nos joelhos e chorou. Chorou como nunca se lembrava de ter chorado. Chorou por tudo, chorou por nada. Chorou com alma, chorou com lágrimas, chorou gritos e suspiros, chorou alegrias e tristezas. Foram anos de lágrimas reprimidas que se soltaram, foram anos de tristezas submersas que emergiram. Chorou como nunca se lembrava de ter chorado...

quinta-feira, março 11, 2010

Saudades

Tenho saudades...

... do verão.
... de ti.
... de abraços.
... de beijos.
... da montanha.
... de viajar.
... de ti.
... de praia.
... de calor.
... de vestidos.

segunda-feira, março 01, 2010

Entre o caos e o medo



Como foi possivel chegar a este ponto? Sentada no chão da sua sala, tentava perceber como se tinha deixado levar... Tinha perdido o controlo da situação e isso deixava-a completamente de rastos. Ela que sempre foi tão fria ao ponto de nunca se deixar levar por qualquer tipo de sentimentos, sentia-se à deriva.
Mergulhada no caos da sua casa, que reflectia na perfeição o caos do seu espírito, tentou em vão encontrar uma saida.
Olhou à sua volta e resolveu organizar, limpar, arrumar a confusão que tinha deixado acumular em casa.
Depois da casa limpa, arrumada e organizada, desejou poder fazer o mesmo com ela própria.
Tambem ela precisava de pôr as coisas na ordem, as ideias no sítio e voltar a ter o coração de pedra que sempre teve para nunca mais se deixar levar por sentimentos que não conseguisse controlar.
PERDER O CONTROLO da situação é, e será sempre, o seu MAIOR MEDO!

domingo, fevereiro 21, 2010

A procura

Procurou por toda a parte, revirou os móveis, abriu todas as gavetas. Saiu de casa.
Procurou por toda a parte, subiu às árvores, revirou a terra. Entrou no carro.
Procurou por toda a parte, correu as ruelas, percorreu as avenidas. Saiu da cidade.
Procurou por toda a parte, subiu às montanhas, mergulhou nos oceanos. Desistiu!!
Procurou por toda a parte e não encontrou solução nenhuma.
Como é que se resolve um problema quando este não tem solução?

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Doce Adolescência


Lá vai o tempo:
da adolescência
das festas do pijama
dos cigarros nas traseiras da escola
das cervejas no café ao lado da escola
dos beijos nojentos mas que adoravamos
de falar mal do rapaz que nos derretia o coração
dos diários com cheiro a morango
de meter 10 chiclets na boca ao mesmo tempo
das duvidas
das borbulhas
de escrever na roupa e nas sapatilhas rotas
...
Doce Adolescência

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

A árvore mais alta


Trepou por entre os ramos até chegar ao topo da mais alta árvore da floresta. Carregava às costas uma corda. Desconfortávelmente sentada, observava o horizonte. A paisagem deserta, o silêncio assustador tornavam aquele momento único. Era só ela, a árvore e o luar.
Prendeu uma das pontas da corda ao mais robusto ramo. Da outra ponta, fez um laço que ajustou à volta do pescoço. Estava tudo a postos. Deixou-se ficar a desfrutar daquele derradeiro momento. A partir de agora só havia uma saída. E foi essa única saída que ela tomou.
Levantou os olhos.
Contemplou a estrelas.
Respirou fundo.
Saltou...

quinta-feira, janeiro 21, 2010

As Rosas do meu jardim


As rosas adormecidas descansando ao luar repousam os seus espinhos.
Tamanha beleza assim enaltecida por uma lua majestosa esconde na perfeição o perigo que espreita. Cada pétala reflecte o sonho e a magia das doçuras da vida, mas cada espinho contem o veneno e o pesadelo das agruras do passado.

terça-feira, janeiro 19, 2010

Verde e Rosa


- Verde e Rosa! Vou pendurar cortinados verde e rosa!
A sala quase vazia precisa vivamente de cor. Começou pelos cortinados. Entre escadotes e varões, entre tecido e madeira, lá conseguiu pendurar os cortinados.
- Mmmm... não sei não..., pensou em ela.
- Acho que vou ter que trocá-los de sitio.
Mas o que é certo é que ela ficou impressionada com o poder das cores. O simples facto de cobrir as janelas com aqueles panos de cores fortes fez daquela sala um sitio alegre!
Levantou o volume do radio e dançou!